VERSOS (DI)VERSOS - Obra Completa
O POETA E A POESIA
Mais nua do que Eva lancei-me à vida.
Vesti-me de palavras, da leitura do mundo
e me fiz poeta.
A poesia não pode ser derrotada.
Foi ela quem cantou a mitologia Grega,
as liturgias, os salmos e o culto maior a Deus.
É através dela que o poeta abre a cancela dos sentimentos,
toca suas feridas, macera suas dores
e transforma suas lágrimas em versos.
Foi o encanto da poesia que deu ritmo ao universo.
Mais nua do que Eva lancei-me à vida.
Vesti-me de palavras, da leitura do mundo
e me fiz poeta.
A poesia não pode ser derrotada.
Foi ela quem cantou a mitologia Grega,
as liturgias, os salmos e o culto maior a Deus.
É através dela que o poeta abre a cancela dos sentimentos,
toca suas feridas, macera suas dores
e transforma suas lágrimas em versos.
Foi o encanto da poesia que deu ritmo ao universo.
POR QUE ESCREVO
Escrevo porque a arte define o amor,
escrevo porque a poesia me completa.
Poetar é minha oração diária,
se não escrevo minha alma dói
e a dor da alma asfixia.
Na poesia exercito os meus sentimentos
e faço de cada momento o registro das minhas metas
sem que eu me sinta exposta.
A vida me consome, quero me definir
em palavras, as palavras me editam.
Em meus poemas, me desnudo, me desbravo
e sem medo deixo fluir meus segredos,
desvarios de um poeta.
Escrevo porque a arte define o amor,
escrevo porque a poesia me completa.
Poetar é minha oração diária,
se não escrevo minha alma dói
e a dor da alma asfixia.
Na poesia exercito os meus sentimentos
e faço de cada momento o registro das minhas metas
sem que eu me sinta exposta.
A vida me consome, quero me definir
em palavras, as palavras me editam.
Em meus poemas, me desnudo, me desbravo
e sem medo deixo fluir meus segredos,
desvarios de um poeta.
EU E O TEMPO
Nos meus poemas faço uma profunda reflexão
sobre o sentido da vida.
Vivi, vivo, sofro e faço versos.
Mas a vida engole com sofreguidão as minhas rimas,
as minhas metáforas, meus tempos verbais,
que tanto sustentaram meus quereres.
E meus poemas já pedem escoras.
Nos meus poemas faço uma profunda reflexão
sobre o sentido da vida.
Vivi, vivo, sofro e faço versos.
Mas a vida engole com sofreguidão as minhas rimas,
as minhas metáforas, meus tempos verbais,
que tanto sustentaram meus quereres.
E meus poemas já pedem escoras.
VERSOS (DI) VERSOS
Foi a ti, que entreguei os meus desertos,
despi minha alma e deixei que me habitasses.
Foi para ti que desfiei palavras, teci sonhos
e me fiz poeta.
Quero beber da tua fonte e me aportar em tuas margens.
Nos teus céus me recolherei como um poente
que se entrega aos braços do universo.
Foi para ti que aprendi a fazer versos!
Foi a ti, que entreguei os meus desertos,
despi minha alma e deixei que me habitasses.
Foi para ti que desfiei palavras, teci sonhos
e me fiz poeta.
Quero beber da tua fonte e me aportar em tuas margens.
Nos teus céus me recolherei como um poente
que se entrega aos braços do universo.
Foi para ti que aprendi a fazer versos!
ESPERA
É na tua ausência que desfolho tristezas
e acaricio lembranças.
É nas horas de solidão
que ganho asas, te bebo e te navego.
Nos meus sonhos te encontro rarefeito,
envolto na volátil presença da noite que te engole.
O sonho passa, mas meu corpo refeito
é um profundo oceano à espera das tuas redes.
É na tua ausência que desfolho tristezas
e acaricio lembranças.
É nas horas de solidão
que ganho asas, te bebo e te navego.
Nos meus sonhos te encontro rarefeito,
envolto na volátil presença da noite que te engole.
O sonho passa, mas meu corpo refeito
é um profundo oceano à espera das tuas redes.
RECURSOS POÉTICOS I
Não escrevo por mim,
a vida me propôs usar esse recurso.
Escrevo para eternizar a palavra
que é mais forte diante do eu que em mim habita.
Escrevo para me enganar
de que o viver não me amedronta.
O tempo passa, mas a palavra resiste.
Minha voz se cala, mas o som de cada palavra
eterniza meus hiatos e interrogações sem respostas.
A palavra se encarrega de preservar meus sentimentos,
a palavra me conduz, enquanto ser humano..
O resto é engano.
Ave, Palavra!
Não escrevo por mim,
a vida me propôs usar esse recurso.
Escrevo para eternizar a palavra
que é mais forte diante do eu que em mim habita.
Escrevo para me enganar
de que o viver não me amedronta.
O tempo passa, mas a palavra resiste.
Minha voz se cala, mas o som de cada palavra
eterniza meus hiatos e interrogações sem respostas.
A palavra se encarrega de preservar meus sentimentos,
a palavra me conduz, enquanto ser humano..
O resto é engano.
Ave, Palavra!
DESEJO
Sou feita de atos e pensamentos
corpo e alma das letras em ação.
Mas o que mais me identifica e desenha meu perfil
são as palavras.
Eu sou o que escrevo, sou a palavra que me revela
nas entrelinhas dos meus poemas.
Queria tocar os corações das pedras,
queria que as pedras me lessem!
Sou feita de atos e pensamentos
corpo e alma das letras em ação.
Mas o que mais me identifica e desenha meu perfil
são as palavras.
Eu sou o que escrevo, sou a palavra que me revela
nas entrelinhas dos meus poemas.
Queria tocar os corações das pedras,
queria que as pedras me lessem!
SILÊNCIO
Existem dias que prefiro o silêncio,
um silêncio brando, suave, que me transporta
ao profundo útero da alma.
Feto sem luz, ali me recolho à espera de renascimento.
Choro um choro sufocado, que o silêncio silencia.
A gestação prossegue recriando minha alma
e reencontro a vida que a mim proponho.
É no fundo do silêncio que me reconstruo
e me apodero de novos sonhos.
Existem dias que prefiro o silêncio,
um silêncio brando, suave, que me transporta
ao profundo útero da alma.
Feto sem luz, ali me recolho à espera de renascimento.
Choro um choro sufocado, que o silêncio silencia.
A gestação prossegue recriando minha alma
e reencontro a vida que a mim proponho.
É no fundo do silêncio que me reconstruo
e me apodero de novos sonhos.
DEPOIS DO VOO
Soletro-me.
Descubro-me cheia de hiatos e vocativos.
Já não sou o mesmo texto,
atravessaram-me as reticências
e a nudez de cada espaço, rege o compasso
das incertezas.
Descubro-me sobre barrancas ressequidas
e mergulho no rio que me atravessa.
Não satisfaço a minha secura,
minha sede tem forma e nome.
Faço uma nova leitura, viagem que não cessa.
Nas entrelinhas o voo, o silêncio.
Meus sentimentos pedem renascimento,
mas estou estagnada, sem coragem de me recriar.
Até o verbo amar já não me é mais cortês.
Apenas me restaram as metáforas.
Depois do voo.
Soletro-me.
Descubro-me cheia de hiatos e vocativos.
Já não sou o mesmo texto,
atravessaram-me as reticências
e a nudez de cada espaço, rege o compasso
das incertezas.
Descubro-me sobre barrancas ressequidas
e mergulho no rio que me atravessa.
Não satisfaço a minha secura,
minha sede tem forma e nome.
Faço uma nova leitura, viagem que não cessa.
Nas entrelinhas o voo, o silêncio.
Meus sentimentos pedem renascimento,
mas estou estagnada, sem coragem de me recriar.
Até o verbo amar já não me é mais cortês.
Apenas me restaram as metáforas.
Depois do voo.
RAÍZES
Sou parte do Grande Sertão de Guimarães Rosa.
A terra me medra,
as árvores me enraízam, os pássaros me gorjeiam.
Caminho pisando folhas que me desfolham.
Sou exercida por savanas e meu cheiro é agreste.
Por isso minha alma canta,
contaminada pela Natureza que me define.
Sou parte do Grande Sertão de Guimarães Rosa.
A terra me medra,
as árvores me enraízam, os pássaros me gorjeiam.
Caminho pisando folhas que me desfolham.
Sou exercida por savanas e meu cheiro é agreste.
Por isso minha alma canta,
contaminada pela Natureza que me define.
METAMORFOSE
Antes eu sofria de árvore
e cantava o canto delas.
Acompanhava suas floradas,
subia em seus troncos,
comia cajus, pitangas vermelhas
e me via no espelho do rio.
O rio ladeava, eu ladeava com ele
pisando musgos, barrancas encharcadas,
buscando atalhos.
Hoje sou pedra em lapidação
e sofro de cascalho.
e cantava o canto delas.
Acompanhava suas floradas,
subia em seus troncos,
comia cajus, pitangas vermelhas
e me via no espelho do rio.
O rio ladeava, eu ladeava com ele
pisando musgos, barrancas encharcadas,
buscando atalhos.
Hoje sou pedra em lapidação
e sofro de cascalho.
DESVARIO
Hoje se apoderou de mim
um espírito de criança.
Menina arteira, eu virei bicho,
pastei grama, uivei, esgravatei o chão,
pulei corda e despetalei um malmequer
para tirar a sorte.
Escarranchei sobre minha janela
e aspirei o perfume das rosas
que há quarenta anos se esparramavam sobre ela.
Ali foi o meu canto de silêncio,
meus momentos de diálogos introspectivos.
Foi tudo perfeito, até que fosse desfeito o sonho
e acabasse a doideira.
Depois, só lonjura!
Hoje se apoderou de mim
um espírito de criança.
Menina arteira, eu virei bicho,
pastei grama, uivei, esgravatei o chão,
pulei corda e despetalei um malmequer
para tirar a sorte.
Escarranchei sobre minha janela
e aspirei o perfume das rosas
que há quarenta anos se esparramavam sobre ela.
Ali foi o meu canto de silêncio,
meus momentos de diálogos introspectivos.
Foi tudo perfeito, até que fosse desfeito o sonho
e acabasse a doideira.
Depois, só lonjura!
COLO DE MÃE
Mudei de cadeira, mudei de xícara,
joguei fora o adoçante
e recriei meu café da manhã.
De nada adiantaram as mudanças,
tudo tem outro gosto, tudo é fastio,
tudo é uma esquesitice aguda.
Estou macambúzia, gripada, mas nada dói em meu corpo.
Minha gripe é na alma, congestionada de saudade.
Ah, meu Deus! Dá-me a canequinha de lata,
o tamborete antigo e o colo de mãe
que foram deixados numa cozinha farta de aconchego.
Dá-me o fogão à lenha, o café de um coador de pano
e os meus despreocupados anos de infância .
Hoje eu quero um remédio que me cure
dessa dor inquietante de não ser mais criança.
joguei fora o adoçante
e recriei meu café da manhã.
De nada adiantaram as mudanças,
tudo tem outro gosto, tudo é fastio,
tudo é uma esquesitice aguda.
Estou macambúzia, gripada, mas nada dói em meu corpo.
Minha gripe é na alma, congestionada de saudade.
Ah, meu Deus! Dá-me a canequinha de lata,
o tamborete antigo e o colo de mãe
que foram deixados numa cozinha farta de aconchego.
Dá-me o fogão à lenha, o café de um coador de pano
e os meus despreocupados anos de infância .
Hoje eu quero um remédio que me cure
dessa dor inquietante de não ser mais criança.
MOMENTO
Na bica de água fresca me debruço.
Bebo o tempo e a longa espera.
Me farto de renovo.
Foi então que colhi gotas d‘água
e com elas quis fazer uma represa,
eternizar o momento.
Mas elas não se represaram em meu corpo,
gasto pelo áspero clima de outras paisagens.
Foi aí que meu chão empedrou, ficou cinzento
e minha alma passou a sofrer de cascalho.
Só na poesia me despedro e me desbravo.
Na bica de água fresca me debruço.
Bebo o tempo e a longa espera.
Me farto de renovo.
Foi então que colhi gotas d‘água
e com elas quis fazer uma represa,
eternizar o momento.
Mas elas não se represaram em meu corpo,
gasto pelo áspero clima de outras paisagens.
Foi aí que meu chão empedrou, ficou cinzento
e minha alma passou a sofrer de cascalho.
Só na poesia me despedro e me desbravo.
CONFISSÃO
Meu corpo se propôs a ser barco
para navegar os teus oceanos,
dominar tuas enseadas e com os fios dos meus sonhos,
tecer uma rede para te prender a mim.
No sem fim dos teus segredos,
sem medo quero ancorar o meu barco, farto de emoções.
Na concha das tuas curvas saciarei minha sede,
secura de esperas seculares.
E depois de ti não navegarei outros mares.
Meu corpo se propôs a ser barco
para navegar os teus oceanos,
dominar tuas enseadas e com os fios dos meus sonhos,
tecer uma rede para te prender a mim.
No sem fim dos teus segredos,
sem medo quero ancorar o meu barco, farto de emoções.
Na concha das tuas curvas saciarei minha sede,
secura de esperas seculares.
E depois de ti não navegarei outros mares.
ESTIAGEM
Ando de um lado para outro dentro de mim
e não me alcanço.
Distancio das minhas carências
enquanto me preparo para o amor.
Sou semente à espera das tuas águas,
sou terra seca à espera do teu frescor.
Deixa que me venham os teus rios
e eu te farei pescador de mim .
Ando de um lado para outro dentro de mim
e não me alcanço.
Distancio das minhas carências
enquanto me preparo para o amor.
Sou semente à espera das tuas águas,
sou terra seca à espera do teu frescor.
Deixa que me venham os teus rios
e eu te farei pescador de mim .
SOLIDÃO
Sonho-te e te reconstruo.
Recrio a tua imagem, vulto intocável,
volátil presença que se evapora dentro da noite
para o desconsolo da minha ilusão.
Pudesse eu te tocar, pediria que ficasses
e bebesses do meu cálice o amargo vinho
que transborda da minha taça de solidão.
Sonho-te e te reconstruo.
Recrio a tua imagem, vulto intocável,
volátil presença que se evapora dentro da noite
para o desconsolo da minha ilusão.
Pudesse eu te tocar, pediria que ficasses
e bebesses do meu cálice o amargo vinho
que transborda da minha taça de solidão.
AMOR FELINO
O gato chegou de esguelha, moroso, amorado.
Chegou, gateou, miou um miado de desejo.
Derramou um olhar de sultão, anunciando volúpia.
Palmeou o terreno, miou afinado,
saracoteou exibindo felinidade.
Agradou, submeteu-se.
A lua romântica prateou o gato, o miado se alongou,
se perdeu nas barreiras da noite.
E o gato se afastou molengamente
tomado por aquela frouxidão aconchegante
que se sucede depois do amor.
O gato chegou de esguelha, moroso, amorado.
Chegou, gateou, miou um miado de desejo.
Derramou um olhar de sultão, anunciando volúpia.
Palmeou o terreno, miou afinado,
saracoteou exibindo felinidade.
Agradou, submeteu-se.
A lua romântica prateou o gato, o miado se alongou,
se perdeu nas barreiras da noite.
E o gato se afastou molengamente
tomado por aquela frouxidão aconchegante
que se sucede depois do amor.
ARIDEZ
Emprenhada de ilusão vaguei pelo imenso
descampado das promessas.
Não houve parto, houve partida.
Caminho e em meu corpo se enrosca
um cheiro de folhas maceradas.
Ou de um vinho, que já deixou de ser generosa oferta.
Desiludida, não busco mais amor,
apenas me alimento de metáforas.
Sou a anáfora dos meus desertos íntimos,
um cacto à espera do milagre da chuva.
Emprenhada de ilusão vaguei pelo imenso
descampado das promessas.
Não houve parto, houve partida.
Caminho e em meu corpo se enrosca
um cheiro de folhas maceradas.
Ou de um vinho, que já deixou de ser generosa oferta.
Desiludida, não busco mais amor,
apenas me alimento de metáforas.
Sou a anáfora dos meus desertos íntimos,
um cacto à espera do milagre da chuva.
AUSÊNCIA
Pássaro amigo, cessa teu canto
que por enquanto, não quero ouvir.
Não cantes mais, quero o silêncio
para sonhar, para dormir.
Teu canto é belo, mas eu não quero
ouvi-lo assim.
Deixa- me agora e sem demora
leva contigo, pássaro amigo,
toda a tristeza que há em mim.
E se voltares traga em teu canto
o doce encanto de uma presença.
Mesmo volátil, em gaze fluida,
mesmo num quase, mesmo em essência!
DISFARCES
Reinvento-me para fugir de uma angústia flácida,
velha angústia que se fez platônica
e deixou n´alma uma ferida crônica
um não sei quê de uma dor semântica.
Reinvento auroras se a noite é sólida,
se a solidão acena e o silêncio é frêmito.
Invento trilhas pra minha alma em trânsito
se a chuva cai e me impede o tráfego.
Engulo seco e contenho as lágrimas,
reinvento passos se o andar é trôpego,
pinto as faces e disfarço o pálido,
engano o tempo que me bebe sôfrego.
Faço da vida o meu tema único,
sou a invenção de um poeta cômico.
Faço das letras um poema bêbado
que impulsiona o meu corpo em êxodo.
Sou a vítima, sou disfarce, sou inquérito,
sou a vida questionada nas linhas do pretérito.
Reinvento-me para fugir de uma angústia flácida,
velha angústia que se fez platônica
e deixou n´alma uma ferida crônica
um não sei quê de uma dor semântica.
Reinvento auroras se a noite é sólida,
se a solidão acena e o silêncio é frêmito.
Invento trilhas pra minha alma em trânsito
se a chuva cai e me impede o tráfego.
Engulo seco e contenho as lágrimas,
reinvento passos se o andar é trôpego,
pinto as faces e disfarço o pálido,
engano o tempo que me bebe sôfrego.
Faço da vida o meu tema único,
sou a invenção de um poeta cômico.
Faço das letras um poema bêbado
que impulsiona o meu corpo em êxodo.
Sou a vítima, sou disfarce, sou inquérito,
sou a vida questionada nas linhas do pretérito.
CONCEITOS
Bem-aventurado o homem
que caminha amealhando sonhos
e bendizendo amanheceres.
Benditos são aqueles que promovem a paz
e reconhecem a igualdade de todos os SERES!
Bem-aventurado o homem
que caminha amealhando sonhos
e bendizendo amanheceres.
Benditos são aqueles que promovem a paz
e reconhecem a igualdade de todos os SERES!
OUSADIA
Quis prender a manhã entre meus dedos.
Arisca ela se embrenhou nas cavernas do universo.
E eu desapontada me vi vestida
de versos crepusculares.
Quis prender a manhã entre meus dedos.
Arisca ela se embrenhou nas cavernas do universo.
E eu desapontada me vi vestida
de versos crepusculares.
CARRO DE BOI
O dia amanhecia flamejante.
Dentro de mim também flamejava, amanhecia. No carro de boi, Sô Quincas Carreiro carreava nossas tralhas e alegrias. Íamos para vila assistir aos rituais da Semana Santa. Meu pai, minha mãe e eu, todos no carro que seguia rangente estrada afora. Cantávamos hinos de louvor. O carro também cantava um monólogo triste que invadia os grotões do sertão das Minas Gerais. Dentro dele eu, meio santa, meio profana, sonhava encontrar meu seguidor entre os seguidores de Cristo. Quanto sonho, quanta esperança no coração daquela criança verde. O tempo passou e cumpriu sua meta, à revelia. O asfalto engoliu a terra, a estrada ficou cinzenta e meus sonhos mudaram de cor. Só o carro de boi varou meus sentimentos, atravessou fronteiras e até hoje me fala de POESIA! |
VELHO CHICO
Existe um rio, uma curva e uma enseada.
Existe um barco vazio, um remo silencioso
e uma ponte ligando as margens.
As águas não cantam mais o canto do barco.
O vento é um desvairado lamento sacudindo o tempo.
O barqueiro?
O tubarão pescou e o progresso engoliu.
Existe um barco vazio, um remo silencioso
e uma ponte ligando as margens.
As águas não cantam mais o canto do barco.
O vento é um desvairado lamento sacudindo o tempo.
O barqueiro?
O tubarão pescou e o progresso engoliu.
FELICIDADE
Meu pai lavrava a terra,
nivelava os eitos, enterrava as sementes
e cumpria com altivez o cultivo do dia.
Das suas mãos calosas desprendiam gotículas de cansaço.
Mas sorria, porque dentro dele
o vento era um sinfonia de gorjeios.
Meu pai lavrava a terra,
nivelava os eitos, enterrava as sementes
e cumpria com altivez o cultivo do dia.
Das suas mãos calosas desprendiam gotículas de cansaço.
Mas sorria, porque dentro dele
o vento era um sinfonia de gorjeios.
CULTIVO
No meu caminho tinha uma pedra,
no meu caminho tinha um sonho.
Do meu caminho quebrei a pedra,
no meu caminho fiz um jardim.
Dei corda ao sonho e plantei rosas, plantei jasmins.
Hoje o perfume de cada dia atrai insetos e passarinhos
que na zoeira dos seus deveres
tecem seus ninhos, cumprem seus lemas.
Do meu caminho quebrei a pedra,
do meu caminho fiz um poema.
No meu caminho tinha uma pedra,
no meu caminho tinha um sonho.
Do meu caminho quebrei a pedra,
no meu caminho fiz um jardim.
Dei corda ao sonho e plantei rosas, plantei jasmins.
Hoje o perfume de cada dia atrai insetos e passarinhos
que na zoeira dos seus deveres
tecem seus ninhos, cumprem seus lemas.
Do meu caminho quebrei a pedra,
do meu caminho fiz um poema.
FRAGMENTOS
Minha mãe fiava na roca
as pastas puras e alvas de algodão.
Alva e pura era também a sua esperança.
Penélope sertaneja, fiava silenciosa o tempo e a espera.
Dos longos fios tecia as mais variadas colchas
que cobriram os sonhos da minha infância.
Sonhei, cresci, embora nada pudesse impedir
o decreto da fatalidade.
Passaram as pastas de algodão, a Penélope sertaneja
e os meus primeiros sonhos .
Hoje teço palavras para agasalhar a saudade.
Minha mãe fiava na roca
as pastas puras e alvas de algodão.
Alva e pura era também a sua esperança.
Penélope sertaneja, fiava silenciosa o tempo e a espera.
Dos longos fios tecia as mais variadas colchas
que cobriram os sonhos da minha infância.
Sonhei, cresci, embora nada pudesse impedir
o decreto da fatalidade.
Passaram as pastas de algodão, a Penélope sertaneja
e os meus primeiros sonhos .
Hoje teço palavras para agasalhar a saudade.
SINO DA MINHA ALDEIA
O sino da minha aldeia já não tange mais.
Vencido pelo tempo ele dorme, ladeado de silêncio.
Mas minha aldeia ainda resiste e eu crepusculando
sigo suas ruas à procura de outras vozes
que também emudeceram.
Foi então que me vi absurdamente só
e a solidão destampada multiplicou o silêncio.
Desapontada, me vi cercada de substantivos abstratos,
contrariando os meus quereres.
O sino da minha aldeia já não tange mais.
Vencido pelo tempo ele dorme, ladeado de silêncio.
Mas minha aldeia ainda resiste e eu crepusculando
sigo suas ruas à procura de outras vozes
que também emudeceram.
Foi então que me vi absurdamente só
e a solidão destampada multiplicou o silêncio.
Desapontada, me vi cercada de substantivos abstratos,
contrariando os meus quereres.
SOFRO DE POETA
Sofro de poeta e através da poesia
fujo das ilhas em que habitam meus algozes.
Enfrento o mar aberto e os segredos dos meus medos.
Sofro de poeta e meu antídoto é a poesia.
Os versos são remos, as estrofes barcos,
veleiros dos meus abismos.
Na poesia aprendi a comandar meus sonhos
e a combater os medonhos monstros
que em mim habitam.
Hoje me abasteço de palavras
e a minha poesia é o desenho verbal do silêncio
que agora canta.
Sofro de poeta e através da poesia
fujo das ilhas em que habitam meus algozes.
Enfrento o mar aberto e os segredos dos meus medos.
Sofro de poeta e meu antídoto é a poesia.
Os versos são remos, as estrofes barcos,
veleiros dos meus abismos.
Na poesia aprendi a comandar meus sonhos
e a combater os medonhos monstros
que em mim habitam.
Hoje me abasteço de palavras
e a minha poesia é o desenho verbal do silêncio
que agora canta.
INFÂNCIA
Menina ainda eu já pensava em ser atraente,
armar ciladas para pegar meu príncipe encantado.
Cresci trigueira, vestida de sol,
trotando pelos campos em meu cavalo alado.
Viçosa e orvalhada, não precisei armar ciladas.
Quando meu príncipe apareceu,
joguei o sedém dos meus olhos
e num só golpe enlacei meu amado.
E a vida galopou levando nós dois.
Tudo fora só ilusão, antes e depois!
Menina ainda eu já pensava em ser atraente,
armar ciladas para pegar meu príncipe encantado.
Cresci trigueira, vestida de sol,
trotando pelos campos em meu cavalo alado.
Viçosa e orvalhada, não precisei armar ciladas.
Quando meu príncipe apareceu,
joguei o sedém dos meus olhos
e num só golpe enlacei meu amado.
E a vida galopou levando nós dois.
Tudo fora só ilusão, antes e depois!
ACENOS DA POESIA
Foi no compasso sibilante do vento,
no lamento do orvalho que desprendia das flores
que descobri os primeiro acenos da poesia.
E aí foi tarde demais para que eu pudesse fugir
da tentadora magia que me transformou no que sou.
Foi através dela que me fiz poeta
para cantar e ler a poesia
dos amanheceres, carregadinhos de amor.
Foi no compasso sibilante do vento,
no lamento do orvalho que desprendia das flores
que descobri os primeiro acenos da poesia.
E aí foi tarde demais para que eu pudesse fugir
da tentadora magia que me transformou no que sou.
Foi através dela que me fiz poeta
para cantar e ler a poesia
dos amanheceres, carregadinhos de amor.
SONHAR É PRECISO
Feche meu livro quem não souber recolher pedras
e bem alto subir, até se exaurir de horizontes.
Feche meu livro quem não acredita que sonhar é preciso.
Foi entre pedras que teci sonhos,
foi entre pedras que aprendi a sonhar,
seguir em frente,
mesmo que o mundo queira fazer de mim
simplesmente pedra.
Feche meu livro quem não souber recolher pedras
e bem alto subir, até se exaurir de horizontes.
Feche meu livro quem não acredita que sonhar é preciso.
Foi entre pedras que teci sonhos,
foi entre pedras que aprendi a sonhar,
seguir em frente,
mesmo que o mundo queira fazer de mim
simplesmente pedra.
MEU JEITO DE SER
Dizem que vivo no mundo da lua.
Gosto de observar o trabalho das formigas,
que me deixam uma lição de vida.
Gosto de contemplar o mistério da criação,
unir pedaços de nuvens e acompanhar o voo artístico
das elegantes borboletas.
Procuro enxergar as coisas belas,
o que me desencanta finjo que não vejo.
Não valorizo as miúdas asperezas,
tenho a minha definição do mundo,
redondo e profundo mistério.
Ser feliz é a minha meta,
e porque sou assim, dizem que sou poeta.
Dizem que vivo no mundo da lua.
Gosto de observar o trabalho das formigas,
que me deixam uma lição de vida.
Gosto de contemplar o mistério da criação,
unir pedaços de nuvens e acompanhar o voo artístico
das elegantes borboletas.
Procuro enxergar as coisas belas,
o que me desencanta finjo que não vejo.
Não valorizo as miúdas asperezas,
tenho a minha definição do mundo,
redondo e profundo mistério.
Ser feliz é a minha meta,
e porque sou assim, dizem que sou poeta.
CHUVA NO SERTÃO
Cai a chuva mansa, chuva boa,
generosa garoa, farta promessa de flores e frutos.
E no sertão tudo é primavera,
tudo é milagre, tudo é espera.
Na varanda de pau a pique
um camponês olha a tímida lua
que se veste de nuvens
e derrama sobre a mata lágrimas de prata.
Isso é poesia, sem plágio.
Cai a chuva mansa, chuva boa,
generosa garoa, farta promessa de flores e frutos.
E no sertão tudo é primavera,
tudo é milagre, tudo é espera.
Na varanda de pau a pique
um camponês olha a tímida lua
que se veste de nuvens
e derrama sobre a mata lágrimas de prata.
Isso é poesia, sem plágio.
PERDAS
Eu queria ser banhada por um rio do meu passado.
Eu queria a velha mangueira e a sombra dela
onde nasceram os meus primeiros versos.
Eu queria ver a boca rosada da manhã
pastando nas orvalhadas campinas da minha infância.
Deixei de ser verde quando resolvi ser grande
e me perdi nos descampados da vida.
Eu queria ser banhada por um rio do meu passado.
Eu queria a velha mangueira e a sombra dela
onde nasceram os meus primeiros versos.
Eu queria ver a boca rosada da manhã
pastando nas orvalhadas campinas da minha infância.
Deixei de ser verde quando resolvi ser grande
e me perdi nos descampados da vida.
DESABROCHANDO
Um casarão branco,
amanheceres tingidos de luzes e cores,
uma requintada cerca de bambual
e os pardais assanhados
cruzando os limites da minha infância pura.
Quis voltar, mas as sobras
já não me dão a força do desabrochar.
Tudo é isolamento, tudo são folhas maceradas,
veladas pelo sopro do tempo.
amanheceres tingidos de luzes e cores,
uma requintada cerca de bambual
e os pardais assanhados
cruzando os limites da minha infância pura.
Quis voltar, mas as sobras
já não me dão a força do desabrochar.
Tudo é isolamento, tudo são folhas maceradas,
veladas pelo sopro do tempo.
APRENDIZAGEM
Por viver muito tempo no sertão
peguei jeito de poeta.
O canto dos pássaros
me ensinou a fazer poesia.
Foi aí que aprendi a poetar
envolvida pelos acordes da passarada
quando o sol cresce e decresce.
Amo e canto o sertão porque meço o amor
conforme o amor me fortalece.
E o sertão me veste de plenitude e poesia.
Por viver muito tempo no sertão
peguei jeito de poeta.
O canto dos pássaros
me ensinou a fazer poesia.
Foi aí que aprendi a poetar
envolvida pelos acordes da passarada
quando o sol cresce e decresce.
Amo e canto o sertão porque meço o amor
conforme o amor me fortalece.
E o sertão me veste de plenitude e poesia.
REALIDADE
Muralhas não evitam confrontos,
armas não conquistam a paz
e nem gritos opressores calam sonhadores.
A paz só terá sua liberdade nas passarelas da ética e do amor
que erguem pontes e alargam os caminhos dos trajetos sócias.
O resto? São tentativas paradoxais.
Muralhas não evitam confrontos,
armas não conquistam a paz
e nem gritos opressores calam sonhadores.
A paz só terá sua liberdade nas passarelas da ética e do amor
que erguem pontes e alargam os caminhos dos trajetos sócias.
O resto? São tentativas paradoxais.
DE PÁSSAROS E POETAS
O sol entardecido derrama cores no infinito.
Mas o que move o poeta
é a caricia da brisa crepuscular,
o canto das árvores que se transformam em pássaros,
e põem gorjeios no poema que ele escreve.
Poesia é desempenho de pássaros e poetas!
O sol entardecido derrama cores no infinito.
Mas o que move o poeta
é a caricia da brisa crepuscular,
o canto das árvores que se transformam em pássaros,
e põem gorjeios no poema que ele escreve.
Poesia é desempenho de pássaros e poetas!
DE SONHOS E REALIDADES
No catre estreito, Maria sonha.
A lua vara os vãos da parede
e prateia aquele corpo rígido de camponesa.
E Maria sonha, transmuda, cresce.
Dos lençóis rotos, ela cria o cobiçado manto de rainha.
Das estrelas que salpicam o quarto
os holofotes do seu palco.
E dentro do sonho, Maria cresce,
vive seus momentos de glória
e dos prazeres não consumados.
Quando o sol aparece, ela se levanta
e túrgida de fantasia tenta agarrar o encantamento
que a realidade macera, macera,
até virar cataplasma para curar as dores de Maria.
No catre estreito, Maria sonha.
A lua vara os vãos da parede
e prateia aquele corpo rígido de camponesa.
E Maria sonha, transmuda, cresce.
Dos lençóis rotos, ela cria o cobiçado manto de rainha.
Das estrelas que salpicam o quarto
os holofotes do seu palco.
E dentro do sonho, Maria cresce,
vive seus momentos de glória
e dos prazeres não consumados.
Quando o sol aparece, ela se levanta
e túrgida de fantasia tenta agarrar o encantamento
que a realidade macera, macera,
até virar cataplasma para curar as dores de Maria.
FASCÌNIO
Sou levada por meus versos,
meu comando é a poesia.
Ela me faz poderosa, incendeia minhas vontades
e me faz enxergar as multifaces da palavra.
Sem medo eu me deixo ser conduzida
e através dela busco preencher
o meu nada, entre o efêmero e o divino.
Sou levada por meus versos,
meu comando é a poesia.
Ela me faz poderosa, incendeia minhas vontades
e me faz enxergar as multifaces da palavra.
Sem medo eu me deixo ser conduzida
e através dela busco preencher
o meu nada, entre o efêmero e o divino.
CORAGEM
Às vezes preciso ser águia,
trocar as penas, afiar as garras
e enfrentar a fúria de Cronos.
O corpo está cansado, ferido de morte,
mas a alma respira, pede recomeço.
Não desistirei de mim
enquanto houver sonhos ensaiando voos.
Enfrentarei o combate que somente abate
quem não conhece a verdadeira coragem
de asas em movimento.
Nascer dói, viver dói, mas morrer antes
é covardia, desprezo à vida e a vida me merece.
Se o tempo me consome eu me reinvento..
trocar as penas, afiar as garras
e enfrentar a fúria de Cronos.
O corpo está cansado, ferido de morte,
mas a alma respira, pede recomeço.
Não desistirei de mim
enquanto houver sonhos ensaiando voos.
Enfrentarei o combate que somente abate
quem não conhece a verdadeira coragem
de asas em movimento.
Nascer dói, viver dói, mas morrer antes
é covardia, desprezo à vida e a vida me merece.
Se o tempo me consome eu me reinvento..
SAUDADE
Para esquecer um amor rasguei fotos, rasguei cartas.
Mas a abstrata saudade me desafia
e dia e noite me persegue.
Sem poder dominá-la, sigo dominada,
refém de uma espera desesperançada.
Para esquecer um amor rasguei fotos, rasguei cartas.
Mas a abstrata saudade me desafia
e dia e noite me persegue.
Sem poder dominá-la, sigo dominada,
refém de uma espera desesperançada.
ENTREGA
Das águas dos teus mares me fiz nascente.
Fluí, percorri os teus profundos abismos
e minhas correntezas se juntaram às tuas.
De mim nasceram novos afluentes
que buscaram outros quereres
e se fizeram novos leitos.
Ofertaste-me os teus mares e neles mergulhei.
Hoje somos água das mesmas águas,
pesca da mesma rede,
mananciais do amor, em que saciamos a nossa sede.
Das águas dos teus mares me fiz nascente.
Fluí, percorri os teus profundos abismos
e minhas correntezas se juntaram às tuas.
De mim nasceram novos afluentes
que buscaram outros quereres
e se fizeram novos leitos.
Ofertaste-me os teus mares e neles mergulhei.
Hoje somos água das mesmas águas,
pesca da mesma rede,
mananciais do amor, em que saciamos a nossa sede.
ENCANTO PERDIDO
Pássaro viril, pousaste em minha janela,
vasculhaste meus aposentos
e me encantaste com teus gorjeios.
Depois o voo, o silêncio e a saudade
emoldurando mistérios.
Hoje teu gorjeio é uma harpa,
minha janela, o infinito.
Pássaro viril, pousaste em minha janela,
vasculhaste meus aposentos
e me encantaste com teus gorjeios.
Depois o voo, o silêncio e a saudade
emoldurando mistérios.
Hoje teu gorjeio é uma harpa,
minha janela, o infinito.
OFERTA
A noite se aproxima e o medo me domina.
A mesa já foi posta e o pão preparado.
Não sei a hora da tua chegada
e minha alma se aflige.
Quero recuperar perdas,
refazer a limpeza dos ornamentos da mesa ,
rituais de uma última ceia.
Quando vieres a porta estará aberta,
e a oferta purificada.
Na partilha do pão, me revelarás a tua glória.
Vivi a vida e agora a vida me desarma.
Na mesa posta uma vela bruxuleia,
à espera da última ceia!
A noite se aproxima e o medo me domina.
A mesa já foi posta e o pão preparado.
Não sei a hora da tua chegada
e minha alma se aflige.
Quero recuperar perdas,
refazer a limpeza dos ornamentos da mesa ,
rituais de uma última ceia.
Quando vieres a porta estará aberta,
e a oferta purificada.
Na partilha do pão, me revelarás a tua glória.
Vivi a vida e agora a vida me desarma.
Na mesa posta uma vela bruxuleia,
à espera da última ceia!
REMATE
Fui grão de trigo e me semeaste,
fui terra virgem e me cultivaste,
fui chão rochoso e me nivelaste.
Por amor fui germinada e por Ti purificada.
Tu me tocaste e me cobriste de frutos.
Fui mãe, me fizeste mulher na construção dos teus projetos.
Busquei viver com humildade o que me permitiste ser vivido.
Agora sou um trigal maduro, pronto para ser colhido.
Fui grão de trigo e me semeaste,
fui terra virgem e me cultivaste,
fui chão rochoso e me nivelaste.
Por amor fui germinada e por Ti purificada.
Tu me tocaste e me cobriste de frutos.
Fui mãe, me fizeste mulher na construção dos teus projetos.
Busquei viver com humildade o que me permitiste ser vivido.
Agora sou um trigal maduro, pronto para ser colhido.
LEGADO
Do meu caminhar,
quero que fiquem meus sufocados desejos
e as pegadas do meu silêncio
que marcaram minhas noites de insônia.
Vivi, amei e até acreditei que pudesse ser poeta.
Nunca se sabe, tudo é mistério, tudo é uma ordem.
A vida brotou, o tempo passou
e se encarregou de alinhavar minhas metas.
Sou o que restou, uma eterna sonhadora.
Do meu caminhar,
quero que fiquem meus sufocados desejos
e as pegadas do meu silêncio
que marcaram minhas noites de insônia.
Vivi, amei e até acreditei que pudesse ser poeta.
Nunca se sabe, tudo é mistério, tudo é uma ordem.
A vida brotou, o tempo passou
e se encarregou de alinhavar minhas metas.
Sou o que restou, uma eterna sonhadora.
MEUS VERSOS
Não tenho grandes pretensões,
faço verso e cumpro o meu destino.
Deixá-los partir é o meu dever.
Quem poderá tocá-los?
Quem poderá senti-los como pedaços de mim
em busca de afago?
E meus versos fazem- me sentir quase feliz, quase eterna.
A mim bastam minha alma de poeta
e um mural no tempo para fixar minhas estrofes.
O resto eu macero, macero, até virar poesia.
Não tenho grandes pretensões,
faço verso e cumpro o meu destino.
Deixá-los partir é o meu dever.
Quem poderá tocá-los?
Quem poderá senti-los como pedaços de mim
em busca de afago?
E meus versos fazem- me sentir quase feliz, quase eterna.
A mim bastam minha alma de poeta
e um mural no tempo para fixar minhas estrofes.
O resto eu macero, macero, até virar poesia.
DESABAFO
Hoje não quero rosas,
não quero palavras bonitas
que possam camuflar a minha dor.
Que me perdoem os poetas, perdi o rumo da poesia.
Meu céu ficou nublado,
sem lua e sem estrelas indiscretas
que possam me trazer lembranças
dos meus velhos poemas de amor.
Hoje quero chorar a dor sem fim
do poeta que morreu dentro de mim.
Hoje não quero rosas,
não quero palavras bonitas
que possam camuflar a minha dor.
Que me perdoem os poetas, perdi o rumo da poesia.
Meu céu ficou nublado,
sem lua e sem estrelas indiscretas
que possam me trazer lembranças
dos meus velhos poemas de amor.
Hoje quero chorar a dor sem fim
do poeta que morreu dentro de mim.
MAL SEM CURA
Dos meus passos fiz arrojados ideais.
Parti massageando obstáculos e suturando esperanças.
Remendei a vida com retalhos de nuvens de algodão,
curei-me da solidão e hoje sofro de poesia!
Dos meus passos fiz arrojados ideais.
Parti massageando obstáculos e suturando esperanças.
Remendei a vida com retalhos de nuvens de algodão,
curei-me da solidão e hoje sofro de poesia!
GANHOS E PERDAS
Chegou de mansinho,
abriu as porteiras das minhas várzeas, montanhas
e cheio de manhas se apossou das minhas propriedades.
Depois o silêncio, a falta daquela agilidade felina
percorrendo meus subterrâneos.
Ainda ouço passos que se aproximam
porque ausência é presença transmudada,
fantasma que me alucina.
E a minha saudade é um substantivo concreto.
Chegou de mansinho,
abriu as porteiras das minhas várzeas, montanhas
e cheio de manhas se apossou das minhas propriedades.
Depois o silêncio, a falta daquela agilidade felina
percorrendo meus subterrâneos.
Ainda ouço passos que se aproximam
porque ausência é presença transmudada,
fantasma que me alucina.
E a minha saudade é um substantivo concreto.
MARCAS DO MEU SERTÃO
Da casa de pau a pique
saía todos os dias o Seu João da Mafalda
sem camisa e sem chapéu.
A calça amarrada com embiras
deixava à vista os pés nus, que além do corpo
carregavam a desconcertada enxada.
Seu João não caminhava, trotava resignado.
E as manhãs frias do sertão
iam retratando no chão os pés de um caboclo
que plantou, cultivou, colheu
e deu fartura generosa à mesa do seu senhor.
Até hoje Seu João ainda trota dentro do meu coração.
O resto ele levou tudo para o céu dos iluminados!
Da casa de pau a pique
saía todos os dias o Seu João da Mafalda
sem camisa e sem chapéu.
A calça amarrada com embiras
deixava à vista os pés nus, que além do corpo
carregavam a desconcertada enxada.
Seu João não caminhava, trotava resignado.
E as manhãs frias do sertão
iam retratando no chão os pés de um caboclo
que plantou, cultivou, colheu
e deu fartura generosa à mesa do seu senhor.
Até hoje Seu João ainda trota dentro do meu coração.
O resto ele levou tudo para o céu dos iluminados!
CONFORMIDADE
Em meu corpo já carreguei a força de Hércules
e na mente os sonhos de Sísifo que, pouco a pouco,
deixaram de acompanhar a teimosia da pedra.
À revelia dos meus quereres,
uma mórbida apatia se apoderou de mim.
Hoje já não tenho pressa, meus passos são pesados
e meus sonhos cochilam encolhidos.
Ando devagar sem questionar o que busco,
sem lamentar o que fica.
E uma conformidade crepuscular identifica o meu tempo.
Em meu corpo já carreguei a força de Hércules
e na mente os sonhos de Sísifo que, pouco a pouco,
deixaram de acompanhar a teimosia da pedra.
À revelia dos meus quereres,
uma mórbida apatia se apoderou de mim.
Hoje já não tenho pressa, meus passos são pesados
e meus sonhos cochilam encolhidos.
Ando devagar sem questionar o que busco,
sem lamentar o que fica.
E uma conformidade crepuscular identifica o meu tempo.
RECURSOS POÉTICOS II
Não me importam as rimas.
Importam-me os versos que sem volteios
falam da realidade que fere o coração dos sensíveis.
Hoje quero ser poeta de palavras duras, sem nexo e sem lirismo.
Quero o desvario dos desvairados que soltam da garganta
o grito de uma angústia rouca.
Quero a inteligência dos loucos, a liberdade da censura
para falar dessa loucura que me fez poeta.
Não me importam as rimas.
Importam-me os versos que sem volteios
falam da realidade que fere o coração dos sensíveis.
Hoje quero ser poeta de palavras duras, sem nexo e sem lirismo.
Quero o desvario dos desvairados que soltam da garganta
o grito de uma angústia rouca.
Quero a inteligência dos loucos, a liberdade da censura
para falar dessa loucura que me fez poeta.
PERSEVERANÇA
Se anoiteço sem estrelas, reluto.
Perdê-las não me é duradouro.
Busco um novo recomeço
e de novo amanheço colorida.
E porque reinvento a vida,
faço de mim um constante amanhecer!
Se anoiteço sem estrelas, reluto.
Perdê-las não me é duradouro.
Busco um novo recomeço
e de novo amanheço colorida.
E porque reinvento a vida,
faço de mim um constante amanhecer!
DESATINO
Sofro de insônia.
A insônia valoriza o contorno da cama
e o frio espaço do silêncio.
Tudo vira terror noturno,
tudo é uma ansiada espera
do encantado canto da Cotovia.
Fico derreada, doente.
Doente de fome e sede de amor.
Estou à beira do desatino.
Minha alma já deixou cair as asas,
endoideci, fiquei erótica.
E em meu corpo despojado de pudores
as emoções crepitam.
Como me curar desse mal
se a insônia acaba de me tirar a santidade?
Amanheço um anjo decaído,
mas túrgida de novos sentimentos.
Sofro de insônia.
A insônia valoriza o contorno da cama
e o frio espaço do silêncio.
Tudo vira terror noturno,
tudo é uma ansiada espera
do encantado canto da Cotovia.
Fico derreada, doente.
Doente de fome e sede de amor.
Estou à beira do desatino.
Minha alma já deixou cair as asas,
endoideci, fiquei erótica.
E em meu corpo despojado de pudores
as emoções crepitam.
Como me curar desse mal
se a insônia acaba de me tirar a santidade?
Amanheço um anjo decaído,
mas túrgida de novos sentimentos.
CANTO DO SERTÃO
Um carro de boi
passou pela minha infância,
varou meus sentimentos
e até hoje me acompanha com seu canto triste.
De concreto, nada mais existe.
Só a alma do sertão vagueia dentro mim.
O resto é teimosia do tempo e do vento
soprando saudade!
passou pela minha infância,
varou meus sentimentos
e até hoje me acompanha com seu canto triste.
De concreto, nada mais existe.
Só a alma do sertão vagueia dentro mim.
O resto é teimosia do tempo e do vento
soprando saudade!
CICLOS
Lembro-me de você, pai,
nas madrugadas frias de junho,
nos dias chuvosos de dezembro
e quando contemplo quilômetros de plantações.
Sinto a sua presença
em cada gesto do caboclo cavando o chão
para lançar a semente no ventre da terra.
Quando a chuva cai mansa
e as folhas do milharal se agitam agradecidas
ainda ouço o seu largo sorriso dizendo:
“Deus seja louvado!”
É, pai! Você soube como poucos amar e cultivar a terra.
Seus gestos eram leves enquanto cavava e semeava.
Por isso, homens como você não morrem nunca.
Você está e estará sempre presente
em cada poema que o ciclo da natureza escreve
sobre as páginas vivas da terra.
Lembro-me de você, pai,
nas madrugadas frias de junho,
nos dias chuvosos de dezembro
e quando contemplo quilômetros de plantações.
Sinto a sua presença
em cada gesto do caboclo cavando o chão
para lançar a semente no ventre da terra.
Quando a chuva cai mansa
e as folhas do milharal se agitam agradecidas
ainda ouço o seu largo sorriso dizendo:
“Deus seja louvado!”
É, pai! Você soube como poucos amar e cultivar a terra.
Seus gestos eram leves enquanto cavava e semeava.
Por isso, homens como você não morrem nunca.
Você está e estará sempre presente
em cada poema que o ciclo da natureza escreve
sobre as páginas vivas da terra.
ALMA DE POETA
Ribeirinha e sonhadora, Quitéria era amante da vida.
Quando o horizonte se alaranjava
lá estava ela nas barrancas do rio
lavando roupa e cantarolando
uma canção tão singela quanto o próprio mundo
que lhe era retratado.
Nas mãos calosas a espuma do sabão
era a fluidez dos sonhos escorrendo rio abaixo.
E Quitéria sonhava, sonhava,
ignorando as barrancas que encurralavam seus sonhos.
Queria ser poeta,
mas lhe foi negado o direito dessa palavra de luxo,
embora fosse ela a própria poesia!
Ribeirinha e sonhadora, Quitéria era amante da vida.
Quando o horizonte se alaranjava
lá estava ela nas barrancas do rio
lavando roupa e cantarolando
uma canção tão singela quanto o próprio mundo
que lhe era retratado.
Nas mãos calosas a espuma do sabão
era a fluidez dos sonhos escorrendo rio abaixo.
E Quitéria sonhava, sonhava,
ignorando as barrancas que encurralavam seus sonhos.
Queria ser poeta,
mas lhe foi negado o direito dessa palavra de luxo,
embora fosse ela a própria poesia!
ENTARDECIDA
Amanheço todos os dias entardecida.
A saudade me ensombreia e me faz crepúsculo.
Grito por meu pai, minha mãe, e só meu eco responde.
Onde estarão eles que tantas vezes me abraçaram
me falaram de amor, dos perigos do mundo,
dessa invernada sem porteira onde o bicho homem
pasta e rumina maldades?
Uma saudade cinzenta se apoderou dos meus quereres
e me levou a esse entardecer prematuro.
Sei que meu chamado é quase loucura.
Meu pai e minha mãe se fizeram volátil presença,
uma doce essência dentro da mim.
Amanheço todos os dias entardecida.
A saudade me ensombreia e me faz crepúsculo.
Grito por meu pai, minha mãe, e só meu eco responde.
Onde estarão eles que tantas vezes me abraçaram
me falaram de amor, dos perigos do mundo,
dessa invernada sem porteira onde o bicho homem
pasta e rumina maldades?
Uma saudade cinzenta se apoderou dos meus quereres
e me levou a esse entardecer prematuro.
Sei que meu chamado é quase loucura.
Meu pai e minha mãe se fizeram volátil presença,
uma doce essência dentro da mim.
INFÂNCIA
Tantas vezes retomo os velhos caminhos
à procura de alívio para meu mal sem cura.
Revejo o quarto de água-furtada,
a janela, a roseira florida e dentro do quarto
a menina que tecia sonhos e questionava limites.
Foram meus, somente meus, aquele verde espaço,
os braços do horizonte a me acenarem liberdade
e bem à minha frente, uma porteira a dividir dois polos.
Do meu mundo imaginário venci a primeira divisória.
Hoje, a quilômetros de distância,
ainda vislumbro o verde espaço e a porteira.
Do lado de dentro, de saia curta e fita nos cabelos
a infância me acena.
Sem chave!
Tantas vezes retomo os velhos caminhos
à procura de alívio para meu mal sem cura.
Revejo o quarto de água-furtada,
a janela, a roseira florida e dentro do quarto
a menina que tecia sonhos e questionava limites.
Foram meus, somente meus, aquele verde espaço,
os braços do horizonte a me acenarem liberdade
e bem à minha frente, uma porteira a dividir dois polos.
Do meu mundo imaginário venci a primeira divisória.
Hoje, a quilômetros de distância,
ainda vislumbro o verde espaço e a porteira.
Do lado de dentro, de saia curta e fita nos cabelos
a infância me acena.
Sem chave!
VERBO AMAR
Ainda te aguardo.
Em meus delírios, tua presença me afaga.
Espero, o tempo caminha e quem chega é a solidão.
Meus sentimentos se afligem, pedem renascimento,
mas estou estagnada, sem coragem de recomeçar.
Não houve culpados, houve partida, sonhos desfeitos.
Minha vida é um verbo conjugado no pretérito mais que perfeito.
Ainda te aguardo.
Em meus delírios, tua presença me afaga.
Espero, o tempo caminha e quem chega é a solidão.
Meus sentimentos se afligem, pedem renascimento,
mas estou estagnada, sem coragem de recomeçar.
Não houve culpados, houve partida, sonhos desfeitos.
Minha vida é um verbo conjugado no pretérito mais que perfeito.
IMPROVISANDO
Sou um rascunho de pássaro inacabado.
Sem asas só tenho emoções miúdas.
Às vezes sou algo inanimado sem desejos e sem anseios,
mas, se me entrego aos devaneios, me transmudo
e sobrevoo o meu mar enfrentando ondas e maresias.
Nesses momentos me faço gaivota e pesco poesia!
Sou um rascunho de pássaro inacabado.
Sem asas só tenho emoções miúdas.
Às vezes sou algo inanimado sem desejos e sem anseios,
mas, se me entrego aos devaneios, me transmudo
e sobrevoo o meu mar enfrentando ondas e maresias.
Nesses momentos me faço gaivota e pesco poesia!
ATRAÇÃO
Chegaste em teu cavalo branco,
ostentaste o teu cheiro agreste,
a tua altivez viril
e apossaste das minhas ilusões.
Teu olhar felino anunciava desejo,
um afago de posse.
Não me disseste a palavra amor,
mas me amaste e fizeste de mim uma enormidade!
ostentaste o teu cheiro agreste,
a tua altivez viril
e apossaste das minhas ilusões.
Teu olhar felino anunciava desejo,
um afago de posse.
Não me disseste a palavra amor,
mas me amaste e fizeste de mim uma enormidade!
A POESIA PEDE SILÊNCIO
Poetar é meu jeito de estar sozinha,
esquecer o mundo e suas ameaças.
A poesia pede silêncio, recolhimento.
O silêncio me leva a exorcizar os demônios
que insistem em amordaçar a minha liberdade
de ser e de amar.
A poesia me aproxima de Deus!
Poetar é meu jeito de estar sozinha,
esquecer o mundo e suas ameaças.
A poesia pede silêncio, recolhimento.
O silêncio me leva a exorcizar os demônios
que insistem em amordaçar a minha liberdade
de ser e de amar.
A poesia me aproxima de Deus!
SONHO PERDIDO
Sonhei um sonho grande.
Quis vesti-lo, ele se rasgou.
Veio o sol e deu-lhe roupagem nova,
mas, ao se despedir, trevou meu sonho.
Veio o vento e o desfolhou,
veio o tempo e o desidratou.
Carregando um sonho morto me arrasto,
pelas frias ruas das minhas ilusões.
Sonhei um sonho grande.
Quis vesti-lo, ele se rasgou.
Veio o sol e deu-lhe roupagem nova,
mas, ao se despedir, trevou meu sonho.
Veio o vento e o desfolhou,
veio o tempo e o desidratou.
Carregando um sonho morto me arrasto,
pelas frias ruas das minhas ilusões.
NOS PORÕES DA MINHA ALMA
Nos meus versos procuro desnudar-me.
Faço disso uma função catártica.
Ainda assim, existem segredos calcinados
que não se desprendem dos porões da minha alma.
Não quero forçá-los,
eles ocultam uma dor só minha e dói muito.
Se tocá-los, a ferida me treva
e deixa em minha boca um gosto de sangue.
A vida me vive,
à revelia dos meus quereres.
Nos meus versos procuro desnudar-me.
Faço disso uma função catártica.
Ainda assim, existem segredos calcinados
que não se desprendem dos porões da minha alma.
Não quero forçá-los,
eles ocultam uma dor só minha e dói muito.
Se tocá-los, a ferida me treva
e deixa em minha boca um gosto de sangue.
A vida me vive,
à revelia dos meus quereres.
QUASE
Quase fui completamente feliz,
quase fui muita coisa.
Impossível estancar o tempo, reter conquistas.
Carrego no peito um farfalhar de asas,
constantes prenúncios de adeuses
que deixam em meus lábios um sabor de derrota.
Recolho-me em meus “quases” e em mim me encerro.
Sem epílogo!
Quase fui completamente feliz,
quase fui muita coisa.
Impossível estancar o tempo, reter conquistas.
Carrego no peito um farfalhar de asas,
constantes prenúncios de adeuses
que deixam em meus lábios um sabor de derrota.
Recolho-me em meus “quases” e em mim me encerro.
Sem epílogo!
AOS QUE LEREM MEUS POEMAS
Faço versos para os que se embebedam de luares
e aos silenciados pelo abandono.
Aos que lerem meus poemas quero compartilhar
o meu jeito de ver o mundo e meu desejo profundo
de me aproximar do universo dos pássaros.
Poesia é a nobreza dos humildes.
Faço versos para os que se embebedam de luares
e aos silenciados pelo abandono.
Aos que lerem meus poemas quero compartilhar
o meu jeito de ver o mundo e meu desejo profundo
de me aproximar do universo dos pássaros.
Poesia é a nobreza dos humildes.
A VIDA E SEUS MISTÉRIOS
Curvada sobres minhas indagações, caminho.
Estou, mas não sei se estarei.
Nasci manchada de sangue
e as chagas do ontem ainda permanecem.
Há uma sentença de morte
sem que eu possa me defender.
Sibila no ar o grito rouco do carrasco invisível, mas cruel!
Sinto em meu corpo as dores do parto e da partida.
A estrada é só minha e o fim é meu fim.
E a vida, senhora de si e das horas me segue.
Com os olhos de fera faminta.
Curvada sobres minhas indagações, caminho.
Estou, mas não sei se estarei.
Nasci manchada de sangue
e as chagas do ontem ainda permanecem.
Há uma sentença de morte
sem que eu possa me defender.
Sibila no ar o grito rouco do carrasco invisível, mas cruel!
Sinto em meu corpo as dores do parto e da partida.
A estrada é só minha e o fim é meu fim.
E a vida, senhora de si e das horas me segue.
Com os olhos de fera faminta.
UM JEITO DE AMAR
Chegaste sem aviso e cheio de improvisos
derrubaste minha resistência.
Não me disseste a palavra amor,
mas exercitaste o verbo e o verbo era tudo.
Ofereceste-me água e sal, rituais de completude.
Mataste a tua e a minha sede
e fizeste do amor um substantivo concreto.
Chegaste sem aviso e cheio de improvisos
derrubaste minha resistência.
Não me disseste a palavra amor,
mas exercitaste o verbo e o verbo era tudo.
Ofereceste-me água e sal, rituais de completude.
Mataste a tua e a minha sede
e fizeste do amor um substantivo concreto.
NÃO ME ROUBES DE MIM
Não me roubes os sonhos.
Quero que sejas a soma das minhas conquistas,
a âncora dos ideais que me levam ao mar
onde sufoco minhas carências de ti.
Não me leves do que sou, não me roubes a esperança.
Completa-me.
Enche-me da tua presença e serei uma enormidade.
Não me roubes os sonhos.
Quero que sejas a soma das minhas conquistas,
a âncora dos ideais que me levam ao mar
onde sufoco minhas carências de ti.
Não me leves do que sou, não me roubes a esperança.
Completa-me.
Enche-me da tua presença e serei uma enormidade.
PREFERÊNCIAS
Passei minha infância nos arredores
de vastos campos e matas.
Por ter sido assim,
tenho um olhar contemplativo.
Sempre me transmudo
diante de um cenário verde.
Combino melhor com árvores,
pássaros e formigas, isso eu sei ser e espiar.
Gosto de ouvir o gorjeio
das árvores que viram pássaros
para alegrar minhas carências.
E, para saciar a sede das ausências,
bebo copos de luares.
Passei minha infância nos arredores
de vastos campos e matas.
Por ter sido assim,
tenho um olhar contemplativo.
Sempre me transmudo
diante de um cenário verde.
Combino melhor com árvores,
pássaros e formigas, isso eu sei ser e espiar.
Gosto de ouvir o gorjeio
das árvores que viram pássaros
para alegrar minhas carências.
E, para saciar a sede das ausências,
bebo copos de luares.
MEU PASSADO
Meu passado?
Um chalé colorido com janelas de esperança
que mostravam um horizonte acenando sonhos.
O tempo galopou no dorso dos adeuses
e me levou a outros horizontes.
O chalé perdeu a cor, as janelas se fecharam
e os sonhos se cristalizaram na memória.
O tempo passou, sem respeitar sentimentos.
E eu sobre o que me resta, vou recriando a vida.
Meu passado?
Um chalé colorido com janelas de esperança
que mostravam um horizonte acenando sonhos.
O tempo galopou no dorso dos adeuses
e me levou a outros horizontes.
O chalé perdeu a cor, as janelas se fecharam
e os sonhos se cristalizaram na memória.
O tempo passou, sem respeitar sentimentos.
E eu sobre o que me resta, vou recriando a vida.
INTROSPECÇÃO
Gosto de me olhar por dentro,
me silenciar.
O silêncio me rende poesia.
No meu universo,
tenho gosto de misturar em minhas fantasias
as pedras e ao sopro do vento,
segredos da minha cura interior.
O vento e as pedras me trazem melodias
de outros tempos!
Gosto de me olhar por dentro,
me silenciar.
O silêncio me rende poesia.
No meu universo,
tenho gosto de misturar em minhas fantasias
as pedras e ao sopro do vento,
segredos da minha cura interior.
O vento e as pedras me trazem melodias
de outros tempos!
FINAL ABERTO
Sou um texto vivo repleto de hiatos, vírgulas e reticências.
Procuro interpretar-me e sem respostas me vejo refém do silêncio.
Questiono-me
e aceito o desafio de um final aberto.
Fecho-me sem epílogo, sem garantia do amanhã.
Com o olhar de uma deusa pagã a vida tremula seus guizos.
E, para não morrer de angústia, POETIZO!
Sou um texto vivo repleto de hiatos, vírgulas e reticências.
Procuro interpretar-me e sem respostas me vejo refém do silêncio.
Questiono-me
e aceito o desafio de um final aberto.
Fecho-me sem epílogo, sem garantia do amanhã.
Com o olhar de uma deusa pagã a vida tremula seus guizos.
E, para não morrer de angústia, POETIZO!